sexta-feira, 23 de abril de 2010

Que fez Jesus durante a sua "vida oculta"?

Todos sabemos o que Jesus fez durante os três anos da sua vida pública: como percorreu as cidades e aldeias da Palestina pregando o Reino de Deus, curando doentes, ressuscitando mortos e ensinando parábolas. Mas, que fez durante os mais de 30 anos anteriores? Por que motivo os evangelhos guardam silêncio acerca dessa etapa da sua vida?

Os anos perdidos de Jesus

O único que sabemos desse longo período é um episódio que sucedeu aos 12 anos, quando Ele se perdeu em Jerusalém durante uma festa de Páscoa, e como José e Maria o encontraram «no Templo sentado no meio dos mestres, escutando-os e fazendo-lhes perguntas; e todos os que o ouviam estavam assombrados pela sua inteligência e as suas respostas» (Lc 2,46-47). Mas, imediatamente a seguir, o evangelho diz que regressou para Nazaré e o véu do mistério desce de novo sobre a sua vida, ocultando todas as suas actividades durante os 20 anos seguintes.

Este enigmático silêncio sobre a juventude de Jesus fez com que muitos inventassem histórias e relatos incríveis. Assim, alguns, com bastante imaginação, afirmam que viajou para a Inglaterra acompanhado pelo seu tio-avô José de Arimateia, onde conheceu o druidismo (a religião dos celtas) e onde aprendeu algumas das ideias que mais tarde viria a ensinar, como a Trindade e a chegada do Messias.

Outros afirmam que foi para a Índia, onde os grandes Budas lhe ensinaram a ler, a curar enfermos e a realizar exorcismos. Outros garantem que esteve no Egipto aprendendo os segredos dos faraós e enchendo-se de energia misteriosa nas grandes pirâmides. E os mais ingénuos pensam que chegou até à América para se iniciar na sabedoria antiga dos peles-vermelhas.

Ler bem os Evangelhos

Estes relatos puderam ser inventados porque, segundo a crença popular, os evangelhos se calam e não contam nada sobre os anos perdidos de Jesus. Mas, será que os evangelhos se calam absolutamente? Não dão indícios, em lado nenhum, do que Jesus fez durante todos aqueles anos? Na verdade não é assim. O evangelho de São Lucas proporciona duas pistas muito importantes.

A primeira, depois de narrar a apresentação do menino Jesus no Templo de Jerusalém poucos dias depois de ter nascido. Diz que José, Maria e o menino «voltaram para a sua cidade de Nazaré, na Galileia. E ali o menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele» (Lc 2,39-40). Portanto, o evangelista informa-nos claramente que Jesus passou os anos seguintes da sua vida na povoação de Nazaré, onde experimentou um desenvolvimento físico, intelectual e religioso, como qualquer menino da sua idade.



A segunda, depois de contar que o menino Jesus se perdeu aos 12 anos na cidade de Jerusalém e foi encontrado no Templo. Diz que «voltou com eles para Nazaré, e ali viveu, obedecendo-lhes em tudo. E Jesus continuava a crescer em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2,51-52).



Como qualquer um da sua terra

Se nos limitarmos, pois, ao evangelho, teremos de concluir que Jesus não se moveu de Nazaré durante todos esses anos. Voltou para Nazaré, diz Lucas. E ali, no seu círculo familiar, sendo «submisso» aos pais, adquiriu a sua maturidade humana, intelectual e psicológica, tal como os outros meninos judeus do seu tempo.

Isto é confirmado por um episódio relatado no evangelho de Marcos. Quando Jesus pregou pela primeira vez na sinagoga de Nazaré, os aldeãos galileus, ao ouvi-lo, encheram-se de assombro [maravilharam-se] e disseram: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por sua mão? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria…» (Mc 6,2-3).

A vida de Jesus, pois, deve ter decorrido de um modo tão ordinário e normal na sua aprazível aldeia de Nazaré, que no dia em que se apresentou em público com uma sabedoria fora do comum os seus concidadãos de Nazaré se surpreenderam. Nunca tinham suspeitado que Ele fosse mais do que «o carpinteiro», «o filho de Maria». Se Jesus se tivesse ausentado da sua terra para estudar e se aperfeiçoar, como dizem as lendas atrás mencionadas, os galileus não teriam de que se surpreender dos seus prodigiosos conhecimentos.

Se Jesus não saiu de Nazaré durante a sua infância e a sua juventude (além das suas peregrinações a Jerusalém, ou de uma viagem ocasional a alguma povoação vizinha), que fez em todos esses anos? É possível conhecer algo da sua vida oculta? Sim, é possível, graças aos descobrimentos arqueológicos e literários que actualmente possuímos.


Qual era o seu verdadeiro nome?

A primeira coisa que fizeram os pais com o menino Jesus, pouco depois do seu nascimento, foi dar-lhe um nome. Isto realizava-se no meio de uma alegre cerimónia, celebrada no oitavo dia como ordenava o Génesis (17,12), e perante várias testemunhas.

O nome que José e Maria lhe puseram foi Yehoshua, que em hebraico significa Josué. Pela Bíblia sabemos que na Palestina esse nome costumava ser abreviado e pronunciar-se Yeshua, por razões de familiaridade. Por sua vez, na Galileia, onde se falava de um modo diferente do resto do país, e onde vivia a sagrada família, abreviava-se ainda mais e pronunciava-se Yeshu. Por isso, os primeiros cristãos de origem grega traduziram-no mais tarde por Jesus.

O nome de Yeshua, no século I, era um dos mais comuns e ordinários de então. Assim o vemos, por exemplo, no escritor Flávio Josefo, que nas suas obras menciona mais de 20 pessoas que se chamavam Jesus na história judaica; das quais, pelo menos 10 são contemporâneas de Jesus de Nazaré.

Em hebraico, Jesus (ou Josué) significa “Deus salva”. E não lhe puseram esse nome ao menino apenas em homenagem ao comandante hebreu Josué, mas porque, segundo Mateus, um anjo disse a São José: «dar-lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21).

Aprendeu a ler e escrever?

Terá Jesus aprendido a ler e a escrever durante a sua infância, numa pequena povoação tão insignificante como Nazaré, ou permaneceu analfabeto? Muitos pensam que semelhante pergunta é absurda, pois três episódios dos Evangelhos mostram claramente que Ele sabia ler e escrever.

O primeiro é aquele em que os escribas e fariseus lhe apresentaram uma mulher surpreendida em adultério, perguntando se deviam apedrejá-la ou não. «Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra» (Jo 8,6).

O segundo foi quando Ele, «segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler e lhe entregaram o livro do profeta Isaías…» (Lc 4,16-17).

O terceiro é aquele em que os judeus, ao ouvi-lo pregar em Jerusalém, se perguntaram maravilhados: «Como é que este é letrado, se não estou?» (Jo 7,15).

Mas, lamentavelmente, nenhum destes três textos serve para provar a capacidade de Jesus para ler e escrever.

O primeiro, porque, ao mostrar Jesus a “escrever” com o dedo no chão, mas sem dizer o que Ele escrevia, levou a pensar que só traçou umas linhas sobre o pó, talvez com a intenção de manifestar o seu incómodo aos acusadores da mulher, mas sem escrever realmente nada.

O segundo, porque o texto do profeta Isaías que Jesus lê na sinagoga de Nazaré, tal como está, não existe. É uma passagem construída pelo evangelista Lucas com versículos salteados desse livro (isto é: Is 61,1; 58,6; e 61,2). Como teria Jesus conseguido ler esse texto no livro de Isaías?

O terceiro, mostrando Jesus a saber “escrita” sem ter estudado, de facto não diz que Jesus sabia “escrever”, mas que sabia usar as Sagradas Escrituras (ou seja, o Antigo Testamento) numa discussão teológica, coisa que podia ter aprendido oralmente de cor, sem necessidade de saber ler.


Os dois ciclos de estudo

Não temos, pois, nos Evangelhos provas seguras de que Jesus soubesse ler e escrever. Poderemos sabê-lo por outra via? Sim.

Pela literatura judaica sabemos que quando Jesus era criança existia em Nazaré, como nas demais aldeias da Palestina, uma pequena escola, aonde acudiam os meninos a partir dos 5 anos. O local estava anexo à sinagoga, e o programa escolar constava de dois ciclos básicos.

O primeiro ciclo durava cinco anos. Os meninos começavam a aprender as letras do alfabeto hebraico, e eram logo iniciados na leitura da Bíblia, a partir do livro do Levítico. Daí passavam para os outros livros bíblicos, repetindo-os versículo por versículo, até aprenderem o texto sagrado quase de memória. Pela Bíblia, os alunos estudavam tudo: a língua, a gramática, a história, a geografia.

Terminada esta primeira etapa, os meninos passavam para o segundo ciclo, que durava dois anos. Neles, aplicavam-se ao conhecimento da “Lei Oral” judaica (chamada Mishná), isto é, às interpretações e complementos que os doutores da Lei faziam das leis bíblicas.

Ao chegar aos 12 anos, os meninos terminavam os seus estudos. Se algum era particularmente brilhante, então podia cursar estudos mais avançados; para isso tinha de ir para Jerusalém ou outra cidade importante do país, e inscrever-se nas escolas dirigidas pelos mais célebres doutores da Lei. Mas isso era privilégio de uns poucos; a maioria dos jovens reintegrava-se na sua família, onde começava a aprender com seu pai uma profissão para ganhar a vida.

Sem dúvida, Jesus, durante a sua infância, assistiu como todos os meninos da sua época nos dois ciclos básicos escolares na sinagoga de Nazaré, onde aprendeu a ler e a escrever. Mas não parece ter recebido o ensino superior próprio dos centros urbanos como Jerusalém. O comentário que dele faziam os judeus dizendo: «Como é que este é letrado, se não estou?» – confirma-o.


Jesus era carpinteiro?

Que profissão praticou Jesus durante a sua adolescência? Sabemos que todos os pais das famílias judaicas procuravam uma ocupação para o seu filho, pois os rabinos diziam: “Quem não ensina uma profissão ao seu filho, ensina-o a roubar.” Como vimos, São Marcos diz que quando Jesus pregou na sinagoga de Nazaré, os seus conterrâneos comentaram: «Não é este o carpinteiro?» (Mc 6,3). Daí se ter pensado sempre que ele foi carpinteiro.

Mas muitos têm posto em dúvida esta afirmação. Primeiro, porque os outros Evangelhos trazem uma versão diferente. São Mateus, por exemplo, diz que a pergunta das pessoas foi: «Não é este o filho do carpinteiro?» (Mt 13,55), quer dizer, atribui o ofício de carpinteiro a São José, não a Jesus. Enquanto que em São Lucas a gente pergunta: «Não é este o filho de José?» (Lc 4, 22), com o qual, nenhum dos dois é apresentado como carpinteiro.

Segundo, porque Nazaré, situada na fértil região da Galileia, era uma povoação de camponeses, a maioria dos quais se dedicava à agricultura e a criar gado.

Terceiro, porque em quase todas as parábolas de Jesus há imagens do meio agrícola (o semeador, a cizânia, a vinha, a figueira, o grão de mostarda, etc.), e não do ambiente da carpintaria…

Contudo, hoje os biblistas concluíram que Marcos, o primeiro evangelista a escrever, não se teria animado a chamar a Jesus “carpinteiro”, ocupação que gozava de pouco prestígio naquela época, se realmente não fosse certo. Pelo contrário, há motivos para Mateus ter alterado a informação: como pretendia acentuar mais a figura solene e majestosa de Jesus, pensou que tal atribuição era desrespeitosa, preferindo transferi-la para José. E Lucas, mais sensível ainda que Mateus, considerou a referência àquela profissão como um insulto dos galileus, e optou por eliminá-la tanto de José como de Jesus.

O aludir tanto à agricultura nas suas parábolas, deve-se ao facto de o seu auditório estar formado, na sua maioria, por agricultores, pelo que procurou adaptar-se à sua linguagem. Podemos, pois, concluir que Jesus, durante os 30 anos da sua vida oculta, trabalhou como carpinteiro.



Como rezava Jesus?

Outras das coisas que Jesus aprendeu durante a sua adolescência em Nazaré foi a rezar, pois qualquer criança israelita, a partir dos 13 anos, adquiria o hábito de orar três vezes por dia: de manhã, ao meio-dia e à noite (Sl 55,18; Dn 6,11; Act 10,9). Para isso, era ensinado a cobrir a cabeça e os ombros com um manto especial, chamado “talit”, com umas franjas chamadas “zitzit” dependuradas nas suas quatro pontas. Essas franjas representavam todas as leis divinas, que eles observavam de coração nos “quatro cantos” ou fases da sua vida. Eram um total de 32 (8 franjas em cada canto), porque o número 32 simboliza a palavra “coração” em hebraico. O uso das franjas tinha sido ordenado por Deus a Moisés no livro do Deuteronómio: «Diz aos filhos de Israel que ponham umas franjas na ponta dos seus mantos. Assim ao vê-las, lembrar-se-ão de todos os mandamentos do Senhor» (15,37-41).

Havia duas orações que um judeu, a partir da sua adolescência, devia recitar cada dia. A primeira chamava-se “Shemá” (em hebraico, “Escuta”), porque começava assim: «Escuta, Israel: Yahvé é o nosso único Deus.» Mais do que uma oração, era uma profissão de fé, tirada do livro do Deuteronómio (6,4-7). E na segunda era a chamada “Shemoné Esre” (em hebraico, “Dezoito”) porque consistia em dezoito orações (três louvores, doze petições e três agradecimentos a Deus).

Nestas orações, repetidas ao longo do dia, o menino Jesus foi aprendendo a chamar a Deus “Pai nosso”. E foram estas que criaram o clima espiritual em que Ele cresceu, e que marcaram profundamente a sua psicologia religiosa de criança.



Aonde ia aos sábados?

Desde a infância, aos sábados o menino Jesus acudia à sinagoga de Nazaré acompanhado pelos seus pais. Como qualquer outro menino, ter-se-á sentido aborrecido e distraído perante as intermináveis orações da assembleia, que duravam quase toda a manhã, e para ele se tornavam difíceis de acompanhar porque eram em hebraico, língua que ele não entendia uma vez que falava o aramaico. Mas, com o andar dos anos, foi aprendendo as orações e os ritos, até se lhe tornarem familiares.

Além da frequência da sinagoga, o sábado devia ser venerado com a prática do descanso total. Assim, desde Sexta-feira à tarde, o menino Jesus deve ter ajudado a sua mãe Maria nos preparativos da celebração: trazer dupla reserva de água, limpar a humilde casa, colocar no seu lugar as ferramentas de trabalho, enquanto Maria preparava as duas refeições: para sexta à noite e sábado ao meio-dia.

Minutos antes de começar o sábado, isto é, na sexta ao cair da tarde, o pequeno Jesus de pé diante da mesa assistia ao rito da luz, tradicionalmente reservado às mulheres da casa: Maria pronunciava uma bênção e acendia uma lâmpada, que ficava acesa até à manhã seguinte, quando se levantavam para ir à sinagoga.

Ao meio-dia, quando regressavam, as famílias da aldeia reuniam-se em grupos para partilhar um almoço comum, no qual se falava principalmente de assuntos religiosos.

Preocupar-se com o hoje

Como vemos, a vida oculta de Jesus não teve nada de extraordinário nem prodigioso, como a pintam as absurdas lendas tecidas sobre ela. Foi nesta atmosfera simples e familiar, própria das aldeias da Galileia, que o menino Jesus cresceu, amadureceu e descobriu a vida. O coro dos meninos na escola, a voz das raparigas na fonte de água, o monótono golpear do martelo na carpintaria, o grito repetido das mães chamando para casa as suas filhas entretidas na rua foram o clima que Jesus respirou e assimilou durante 30 anos.

E quando um dia o seu Pai do céu lhe pediu que deixasse tudo e fosse pregar a mensagem de salvação aos seus irmãos humanos, nunca se arrependeu dos anos passados na sua aldeia, na sua casa e com a sua gente; dos seus anos ocultos e silenciosos; do seu trabalho na oficina e dos encontros com amigos. Nunca considerou esse tempo como “perdido”, pois viveu cada dia e cada época como a melhor que tinha. E assim o ensinou também, quando se tornou adulto: «Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema» (Mt 6,34).



Por: Ariel Álvarez Valdés
Tradução: LOPES MORGADO
Revista BÍBLICA n.º 326
Janeiro-Fevereiro 2010
p.3-8

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dez coisas que os catequistas deveriam saber antes de começar na catequese.

1ª – Você está sendo convidado para uma missão e não para uma simples tarefa que qualquer um executa. Encare a catequese como algo sério, comprometedor, útil. Suas palavras e suas ações como catequista terão efeito multiplicador se forem realizadas com ânimo e compromisso;

2ª – Sorria ao encontrar seus catequizandos. Um catequista precisa sorrir mesmo quando tudo parece desabar. Execute sua tarefa com alegria e não encare os encontros de catequese como um fardo e ser carregado;

3ª – Se no primeiro contratempo que aparecer você desistir, é melhor nem começar. A catequese, assim como qualquer outra atividade, apresenta situações difíceis. Mas que graça teria a missão de um catequista se tudo fosse muito fácil? Seja insistente e que sua teimosia lhe permita continuar nesta missão e não abandonar o barco na primeira situação adversa;

4ª – Torne os pais de seus catequizandos aliados e não inimigos. Existem muitos pais que não querem nada com nada na catequese. Mas procure centrar o seu foco naqueles que estão empolgados, interessados e são participantes ativos. Não fiquei apenas reclamando as ausências. Vibre com as presenças daqueles que são compromissados com a catequese e interessados pela vida religiosa de seus filhos;

5ª – Lembre-se sempre que você é um catequista da Igreja Católica. Por isso você precisa defender as doutrinas e os ensinamentos católicos. Alguns catequistas que se aventuram da tarefa da catequese, as vezes, por falta de preparo, acabam fazendo, nos encontros, um papel contrário aquilo que a Igreja prega sobre diversos assuntos. Isso é incoerência das maiores;

6ª – Não esqueça da sua vida pessoal. Por ser catequista, a visibilidade é maior. Então cuide muito dos seus atos fora da Igreja. Não precisa ser um crente, mas é preciso falar uma coisa e agir da mesma forma. A incoerência nas ações de qualquer cristão, passa a ser um tiro no pé;

7ª – Saiba que você faz parte de um grupo de catequistas e não é um ser isolado no mundo. Por isso, se esforce para participar das reuniões propostas pela equipe da sua catequese. Procure se atualizar dos assuntos discutidos e analisados nestas reuniões. Esta visão comunitária é essencial na catequese. Catequista que aceita a mudar catequese e acha que o seu trabalho é apenas com os encontros, está fora de uma realidade de vivência em grupo;

8ª – Freqüente a missa. Falamos tanto nisso nos encontros, reuniões e retiros de catequese e cobramos que os jovens e os pais não freqüentam as celebrações no final de semana. O pior é que muitos catequistas também não vão à missa. Como exigir alguma coisa se não damos o exemplo?

9ª – Seja receptivo com todos, acolhedor, interessado. Mas isso não significa ser flexível demais. Tenha regras de conduta, acompanhe a freqüência de cada um de seus jovens, deixe claro que você possui comando. Fale alto, tenha postura corporal nos encontros, chegue no horário marcado, avise com antecedência quando precisar se ausentar, mantenha contato com os pais pelo menos uma vez por mês. Você é o catequista e, através de você, o reino de Deus está sendo divulgado. Por isso, você precisa não apenas “aparentar”, mas ser catequista por inteiro;

10ª – Seja humilde para aprender. Troque idéias com os seus colegas catequistas. Peça ajuda se for necessário. Ouça as sugestões e nunca pense que você é o melhor catequista do mundo. Não privilegie ninguém e trate todos com igualdade. Somos apenas instrumentos nas mãos de Deus. É Ele quem opera quem nos conduz e, através de nós, evangeliza. Seja simples, humilde e ao mesmo tempo forte e guerreiro para desempenhar a sua missão.

Fonte: Alberto Meneguzzi
Comunidade Eterna Misericórdia.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Catequese de Bento XVI na Quarta-feira Santa 2010

Bollettino della Sala Stampa della Santa Sede

(tradução de CN Notícias)


 

Queridos irmãos e irmãs,

estamos vivendo os dias santos, que nos convidam a meditar os eventos centrais da nossa Redenção, o núcleo essencial da nossa fé. Amanhã começa o Tríduo Pascal, fulcro [ponto de apoio] de todo o ano litúrgico, em que somos chamados ao silêncio e à oração para contemplar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.

Nas homilias, os Padres fazem, muitas vezes, referência a esses dias que, como observa Santo Atanásio em uma das suas Cartas Pascais, introduzem-nos "naquele tempo que nos faz conhecer um novo início, o dia da Santa Páscoa, em que o Senhor se imolou" (Lett. 5,1-2: PG 26, 1379).

Vos exorto, portanto, a viver intensamente estes dias, a fim de que orientem decisivamente a vida de cada um à adesão generosa e convicta a Cristo, morto e ressuscitado por nós.

A Santa Missa Crismal, prelúdio matutino da Quinta-feira Santa, verá, amanhã pela manhã, reunidos os sacerdotes com o seu bispo. No curso de uma significativa celebração eucarística, que acontece geralmente nas Catedrais diocesanas, serão abençoados o Óleo dos enfermos, dos catecúmenos e do Crisma. Além disso, o Bispo e os Sacerdotes renovarão as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da Ordenação. Tal gesto assume, neste ano, uma importância toda especial, porque se encontra no âmbito do Ano Sacerdotal, que proclamei para comemorar o 150º aniversário da morte do Santo Cura d'Ars. A todos os sacerdotes, desejo repetir o auspício que formulei na conclusão da Carta de proclamação: "A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz".

Amanhã à tarde, celebraremos o momento fundador da Eucaristia. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, confirmava os primeiros cristãos na verdade do mistério eucarístico, dizendo-lhes o que ele próprio havia aprendido: "O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, quando ele tinha dado graças, partiu e disse: "O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: 'Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim'. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: 'Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim" (1 Cor 11, 23-25). Essas palavras mostram claramente a intenção de Cristo: sob as espécies do pão e do vinho, Ele está presente de modo real, com seu corpo doado e seu Sangue derramado como sacrifício da Nova Aliança. Ao mesmo tempo, Ele constitui os Apóstolos e seus sucessores ministros deste sacramento, que ele dá a sua Igreja como a prova suprema do seu amor.

Com sugestivo rito, recordaremos, além disso, o gesto de Jesus que lava os pés dos Apóstolos (cf. Jo 13, 1-25). Tal ato torna-se, para o evangelista, a representação de toda a vida de Jesus e revela o seu amor até o fim, um amor infinito, capaz de habilitar o homem à comunhão com Deus e de libertá-lo. Ao fim da liturgia da Quinta-Feira Santa, a Igreja deposita o Santíssimo Sacramento em um local especialmente preparado, que está a representar a solidão do Getsêmani e a angústia mortal de Jesus. Diante da Eucaristia, os fiéis contemplam Jesus na hora da sua solidão e rezam para que cessem todas as solidões do mundo. Esse caminho litúrgico é, também, convite a buscar o encontro íntimo com o Senhor na oração, a reconhecer Jesus entre aqueles que estão sozinhos, a vigiar com ele e a saber proclamá-lo como luz da própria vida.

Na Sexta-feira Santa, faremos memória da paixão e morte do Senhor. Jesus quis oferecer a sua vida em sacrifício para a remissão dos pecados da humanidade, escolhendo para esse fim a morte mais cruel e humilhante: a crucificação. Existe uma conexão indissociável entre a Última Ceia e a morte de Jesus. Na primeira, Jesus dá o seu Corpo e o seu Sangue, ou seja, a sua existência terrena, a si mesmo, antecipando a sua morte e transformando-a em um ato de amor. Assim, a morte, que, por sua natureza, é o fim, a destruição de toda a relação, torna-se nele ato de comunicação de si, instrumento de salvação e proclamação da vitória do amor. Desse modo, Jesus revela a chave para compreender a Última Ceia, que é antecipação da transformação da morte violenta em sacrifício voluntário, em ato de amor que redime e salva o mundo.

O Sábado Santo é caracterizado por um grande silêncio. As Igrejas são despidas e não são previstas liturgias particulares. Neste tempo de espera e esperança, os crentes são convidados à oração, à reflexão, à conversão, também através do sacramento da Reconciliação, para poder participar, intimamente renovados, da celebração da Páscoa.

Na noite do Sábado Santo, durante a solene Vigília Pascal, "mãe de todas as vigílias", tal silêncio será quebrado pelo canto do Aleluia, que anuncia a ressurreição de Cristo e proclama a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte. A Igreja se alegrará no encontro com o Senhor, entrando no dia da Páscoa, que o Senhor inaugura ressurgindo dos mortos.

Queridos irmãos e irmãs, preparemo-nos para viver intensamente este Tríduo Santo, já iminente, para sermos sempre mais profundamente inseridos no Mistério de Cristo, morto e ressuscitado por nós. Acompanha-nos, nesse itinerário espiritual, a Virgem Santíssima. Ela, que segue Jesus na sua paixão e esteve presente sob a cruz, nos introduza no mistério pascal, para que possamos experimentar a alegria e a paz do Ressuscitado.

Com esses sentimentos, compartilho agora os mais cordiais desejos de santa Páscoa a todos vós, estendendo-os às vossas comunidades e todos os seus entes queridos.





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